Tenho que ir a pé
Não há comboio para apanhar
O engenheiro e o tripé
Eram só para disfarçar
Quebraram todas as leis
E nada fazem agora
Diziam eles nos painéis
Que andavam a 90 à hora
A conversa é indigesta
E as obras tão paradas
Então o povo manifesta
Saudades desencarnadas
As cancelas já nem pio
No caminho nada passa
Nós estamos num vazio
E eles cheios de massa
Então o povo diz basta
A este grande barrete
Enquanto isto se arrasta
Eu não pico o bilhete
Eu não pico o bilhete
Eu não vejo colete
Conversa de ricochete
É um metro verdete
Os putos da minha aldeia
Ao longo do ano letivo
Esperam na paragem cheia
Pelo serviço alternativo
Os anos passam e o conceito
É esperar, esperar, esperar
Enquanto no troço já feito
Há uma floresta a despertar
Agora pegam na vassoura
Tentam fazer algo simétrico
Nem metro nem automotora
Vamos de autocarro elétrico
Chega deste desassossego
Deste processo doentio
Para ver o metro mondego
Só metendo uma fita no rio
Então o povo diz basta
A este grande barrete
Enquanto isto se arrasta
Eu não pico o bilhete
Eu não pico o bilhete
Eu não vejo colete
Conversa de ricochete
É um metro verdete
As primeiras viagens
Nem deviam ser cobradas
Ouçam bem as nossas mensagens
Vamos subir as escadas
Esta luta não tem fim
A vergonha é irreal
Já prevejo um motim
Mais uma guerra mundial
Eu não pico o bilhete
Eu não vejo colete
Conversa de ricochete
É um metro verdete
Eu não pico o bilhete
Eu não vejo colete
Conversa de ricochete
É um metro verdete